CONHECER A MENTE E OS
PENSAMENTOS
Marco
Aurélio Bicalho de Abreu Chagas
Enquanto
o homem continuar indiferente ao conhecimento básico do princípio
mental – antes do Verbo
foi a mente – e não se
convencer de que os pensamentos são forças que atuam no mundo,
dentro e fora de seu ser, não poderá se emancipar jamais da ação
direta ou indireta deles sobre sua mente, já que eles são, de certo
modo, os participantes mais ativos de todos os seus movimentos
internos, conscientes ou inconscientes, influenciando seu ânimo e
intervindo, de forma decisiva, em cada um dos passos que dá em
qualquer direção e para qualquer fim.
Alguém poderá perguntas: “que
necessidade tenho de conhecer minha mente, se posso empregá-la do
mesmo modo e fazer tudo quanto me apetece?” A isso responderemos
que é verdade; mas aquele que, ao pensar, sabe por que leis pensa,
já tem uma vantagem sobre quem ignora tal coisa. Além disso, quem
não conhece como atuam os pensamentos dentro e fora de sua mente
estará sempre à mercê de seus impulsos, sem que a razão,
utilizando a vontade, possa sofreá-los.
O conhecimento permite desalojar da
mente todo pensamento pernicioso que rebaixe a condição do ser
humano.
O homem, em geral, toma o cuidado de
não ingerir alimentos que, segundo sabe, haverão de lhe fazer mal,
mas amiúde esquece que deve fazer o mesmo com os pensamentos que,
por experiência, conhece como maus.
Infeliz do que prefere se enganar,
crendo-se dono absoluto de seus pensamentos e de seus atos! A crônica
diária nos mostra quão errônea é essa atitude de desprezo em
relação a toda tentativa de modificar seu conceito; nesses casos se
diz, porém, para justificar desvios incompreensíveis, que o homem é
joguete do destino.
Não se deve atribuir tal
responsabilidade ao destino, uma figura que, se se quer, pode ser
chamada de sideral, por sua abstrata e ignota relação com nossa
maneira de ser, de sentir, de pensar e de agir.
Assim, não sendo o destino quem se
compraz em brincar com a vida humana, pois seria uma insensatez
pensar tal coisa, devemos admitir que, mais perto de nós, algo atua
com diligência e rapidez, e esse algo não pode ser outra coisa que
os pensamentos.
Admitamos, então, que são os
pensamentos – não no conceito ambíguo e errôneo que a
generalidade tem deles, mas sim tais quais eles são na realidade –
quem imperam no mundo mental em que vivemos. Se não nos preparamos
para buscá-los, descobri-los e dominá-los, não seremos outra coisa
senão joguetes de suas hábeis manobras, e nessas condições não
poderemos esperar nunca o desfrute de uma verdadeira felicidade.
Em resumo, quem não prefere possuir
as riquezas do conhecimento a ter de se ver exposto a enfrentar as
difíceis situações em que a ignorância o coloca?